"Que fiz eu para merecer este destino murcho, esta vida tépida, monótona, previsível? Sem fogo de paixão, sem drama, os meus dias arrastam-se na expectativa medíocre de que talvez amanhã aconteça alguma coisa. Amanhã. Sempre amanhã. E ao mesmo tempo agrilhoado à certeza de que nada acontecerá, porque me envolvo em seguranças, ponho travões, não dou passo que não seja calculado."
{J. Rentes de Carvalho, em 'A Amante Holandesa'}
É mesmo bem assim: queremos aventuras, dramas, emoções, revoluções!
Mas queremos isso dentro do que é possível.
Daquilo que cabe na nossa rotina.
Queremos tudo no quadradinho opaco a que chamamos de vida.
Não mudamos uma vírgula, não arriscamos uma unha, mas como esperamos pelo momento mágico, aquele igual ao dos livros ou filmes, que mudará tudo.
Sabe… eu tenho preferido aqui cultivar o poder dos pequenos começos.
Eu tenho preferido optar pelas sementes, em vez das grandes revoluções.
Vivi tanto já, que aprendi a confiar na simetria dos dias.
Aprendi a usar o poder de mudar um ângulo pequeno só, uma forma de ver, uma ação de nada, mas que, lá na frente, somada à multiplicação dos dias, vai mudar minha vida inteira.
Eu já contei por aqui como cheguei à Literatura?
Foi exatamente assim.
Na oitava série, eu não era um leitor aficionado, um apaixonado pelas letras.
Longe disso.
Eu fazia parte daquela massa que acha a leitura chata, coisa de nerd, sabe como é?!
Então, a minha professora de Português da época jogou na minha mesa um livro.
Era hora da leitura e eu comecei a ler aquilo só para fingir que estava ocupado, como ela queria.
Só que… o livro me capturou de verdade.
Nele havia um assassinato. Um hotel abandonado. Um rádio ligado e um mistério.
De repente, eu não estava mais na sala de aula. Não lembrava mais das minhas inseguranças, minhas frustrações, meus dramas. Eu estava ali, embrenhado nas páginas com sua magia.
Anos depois, enquanto pegava meu diploma de Doutor em Literatura, eu voltei àquele dia. Àquela aula na oitava série e àquele livro. Sem ele, minha vida seria completamente outra.
Por isso, não desejo a você nesta segunda uma guinada de 180º. Não. Desejo antes uma conversa despretensiosa, que leve a uma amizade incrível lá na frente. Desejo um ônibus perdido, que resulte numa oportunidade de emprego daqui 5 anos. Desejo um livro que faça você repensar sua vida, mesmo que você não coloque nada em ação (ainda!). Desejo a você não uma revolução, mas um começo.
Um começo belo e singelo.
Uma semente, só uma semente, de quem você ainda vai ser quando desabrochar.
"O único objetivo sensato, então, é tentar construir um túnel de realidade para a próxima semana que seja maior, mais divertido, mais sexy, mais otimista e, geralmente, menos entediante que qualquer túnel de realidade anterior".
{Robert Anton Wilson, em “Ascensão de Prometeu”}
🥛Que você possa ver a vida assim! Afinal, a gente nunca sabe qual detalhe vai mudar tudo.
📙 Acho a proposta deste livro sensacional: contar qual dia mudou a vida de brasileiros que mudaram tudo para nós.
🎼 Que tal a ideia de transformar a música da sua vida em um livro pop-up?!
🖌️ Depois de passar pelas mãos da Alexandra, estes objetos nunca mais serão os mesmos!
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Belíssima reflexão, Linné!
Acrescento: "os pequenos começos, as retomadas, as insistências mesmo nas coisas chatas - eis o que pode se tornar ingrediente, mais tarde, das reviravoltas positivas, aquelas que nos tiram do fundo do poço..."
Seu texto já está copiado e há de ser útil para muitos.