"Se não nos saímos de nós..."
“É necessário sair da ilha para ver a ilha, não nos vemos se não nos saímos de nós”.
{José Saramago, em ‘O conto da ilha desconhecida’’}
Você já ouviu falar em “Obscuridade do momento presente”?
Não?! Mas com certeza está experimentando seu efeito agora mesmo. Quer ver só?! Então se concentre por um instante nos barulhos que vêm lá de fora... Isso mesmo. Agora, no que seu pé direito está tocando… Muito bem. Por último, no ritmo da sua respiração... Conseguiu?!
Por acaso os barulhos, as sensações e até mesmo o ar entrando e saindo dos seus pulmões não estavam ali antes de vocês ler essas frases?! Estavam. E você percebia conscientemente cada um deles? Talvez não. Essa é a obscuridade do momento presente.
A cada segundo, todos os nossos sentidos estão enviando bilhões de informações para o nosso cérebro. Temperatura, pressão, cores, escalas, sons, gostos… Um turbilhão de dados que nossa mente consciente não tem capacidade de processar. Logo, focamos no que é mais necessário.
Se batermos o dedo mindinho na quina da mesa, a dor vai inundar nosso cérebro, avisando que há algo de errado por ali. Mas enquanto nosso dedinho permanecer intocado, é vida que segue, como se ele nem existisse.
Se com as sensações físicas é assim, com as emoções não poderia ser diferente. Na hora que a raiva nos consome, deixamos de perceber as coisas direito, simplesmente agimos, por vezes sem noção, sem perspectiva.
É por isso que só conseguimos pensar melhor depois, analisando friamente a situação. Porque já conseguimos sair dela, tomar a devida distância.
E isso vale para as vantagens e desvantagens de um emprego, de uma relação, de uma situação qualquer. Só conseguiremos ver as coisas, realmente, quando não estamos mais mergulhados nelas.
Só vemos a ilha, quando saímos da ilha.
Só vemos a nós mesmos, quando já não somos iguais.
🔬 O vídeo que ilustrou meu post de hoje lá no Insta - sobre este mesmo tema - veio desse perfil aqui. É incrível perceber como as coisas mudam quando são vistas bem de pertinho, né?!
🔍 Por falar em ver de pertinho… As miniaturas de Tatsuya Tanaka são outra excelente sugestão para admirar.
🏝 E, por fim, quem disse que eu consigo falar de ilha sem me lembrar desse trecho aqui? Ah, e, por favor, pegue um lenço antes de clicar no link. Vai por mim.