“No entanto, dava-me a sensação que, podendo voltar atrás, teria tido uma vida idêntica à que levara. Porque esta vida - uma vida repleta de perdas - era eu. Era o único caminho de que dispunha para ser eu. Mesmo que para tal fosse preciso abandonar todo o tipo de pessoas, e que todo tipo de pessoas me abandonasse; mesmo que tivesse de apagar ou limitar os mais belos sentimentos, esquecer as mais sublimes qualidades ou sonhos, eu não podia ser outra coisa senão eu mesmo.”
{Haruki Murakami, em ‘O fim do mundo e o impiedoso País das Maravilhas’}
Esta news, por simples que seja, para que você a esteja lendo agora foi necessária uma combinação de acasos e golpes do destino. Coincidências, sincronicidades, simultaneidades… como queira chamar.
Foi preciso, por exemplo, que você me conhecesse desde a infância. Ou que encontrasse meu perfil no Instagram, entre tantos, e passasse a segui-lo por algum motivo. Ou, ainda, que seguisse a recomendação de outra pessoa. Alguém que você conheceu há muito tempo antes e em quem confiava.
Como exercício de imaginação, posso seguir esta linha indefinidamente, até o primeiro homo sapiens olhar para as estrelas e se sentir só no solo africano, há 300 mil anos.
Se uma vírgula dessa história toda fosse diferente…. Se a Joana, por exemplo, não tivesse me dito que queria ser só minha amiga na 5ª série, eu não teria escrito meu primeiro poema de amor - o que culminou, em essência, nesta news aqui.
O que quero dizer é que somos uma soma muito exata de decisões e acasos. De coincidências, de rotas alteradas e de encruzilhadas do destino que, de alguma maneira, desembocaram aqui, neste segundo. No segundo em que eu escrevo, no segundo em que você me lê.
Se uma vírgula fosse mudada, um encontro a mais ou a menos, uma perda inesperada, uma pedra perdida, uma estação em que se chegou antes ou depois, tudo seria tão diferente no nosso universo, que jamais teríamos nos encontrado.
Por isso, quando olho para trás, quando penso no ano que passou, vejo que 2024 precisava ser exatamente o que foi para que eu me tornasse esse Vinícius que escreve agora.
Este foi um ano de transições profundas, talvez mais do que eu esperava. Mudei de escola, voltando para o lugar onde cresci, mas agora como parte da Direção. Uma experiência que trouxe desafios e um senso de pertencimento diferente.
Também foi o ano em que tomei decisões difíceis sobre a minha mãe, estabelecendo limites sobre o quanto eu permitiria que ela ainda me desmoronasse. Além disso, voltei a escrever, a publicar em segredo, algo que havia deixado de lado por tempo demais.
No jogo da vida, avancei algumas casas, mas voltei tantas outras – e percebi que, às vezes, o movimento para trás também é essencial.
Olhando para frente, quem sabe quantas outras coincidências ainda nos aguardam? Quantos outros acasos nos conduzirão por caminhos que nem sequer imaginamos?
Talvez você não se lembre, mas foi exatamente num momento como este, de calmaria e reflexão, que muitas das escolhas mais importantes da sua vida aconteceram. Não houve fanfarra, nem um sinal estrondoso de que algo grande estava para ocorrer. Apenas aquele silêncio antes da decisão, aquela intuição que fala baixinho.
A vida é cheia de mistérios. Talvez a gente nunca entenda por completo o porquê de estarmos exatamente aqui, agora. Talvez seja apenas sorte. Ou destino. Mas a verdade é que, todos os dias, com pequenos gestos e palavras, moldamos o que virá, assim como já moldamos o que se passou.
Cada curva, cada erro, cada espera – tudo foi necessário. E, quem sabe, foi preciso perder tantas vezes para que, no final das contas, entendêssemos que não há perda real quando há aprendizado. Nem despedida verdadeira quando há memória. O tempo, como bem sabemos, é uma ilusão traiçoeira, mas uma que nos ajuda a seguir.
Então, quando você terminar de ler estas palavras e voltar para a sua rotina, lembre-se de que estamos, a todo momento, tecendo essa trama complexa e delicada. Você, eu, cada um de nós, somos fios que se entrelaçam, mesmo quando não percebemos. E o mais bonito disso tudo?! Mesmo que não saibamos como o futuro será costurado, já somos parte da trama uns dos outros.
O próximo passo, como sempre, será dado em direção ao desconhecido.
E eu, assim como você, estarei lá, pronto para ser surpreendido.
Que venha 2025.
E que seja pleno em nos tornar quem nós precisamos ser.
Até lá.
🍽️ Um poema para o fim.
❤︎ Um recado para si.
🔩 Um desenho para admirar.
🪩 Uma música para ouvir.
Se você deseja apoiar meu trabalho, qualquer valor via Pix será muito bem-vindo, porque cada contribuição faz uma grande diferença para que eu possa continuar.
Basta ler o QR code acima ou enviar sua contribuição para: vinicius.linne@gmail.com.
🙏 Gratidão!
Bombou no Insta esta semana:
Quero saber sobre a publicação em segredo 🤫