“Tudo o que os outros dizem e fazem não é por sua causa. É por causa deles mesmos. Estamos todos vivendo em nosso próprio sonho, no nosso próprio mundo; e quando você se prende a algo pessoal, assume que os outros sabem seu mundo, e tenta impor seu mundo ao mundo deles. Mesmo quando uma situação parece tão pessoal, mesmo quando alguém te insulta diretamente, isso não tem nada a ver com você. O que dizem, o que fazem e as opiniões que expressam estão de acordo com os acordos que fizeram em suas próprias mentes... Se você não leva nada para o lado pessoal, torna-se imune, mesmo no meio do inferno.”
{Dom Miguel Ruiz, em ‘Os quatro compromissos’}
Para além da Literatura, as palavras também têm poder.
Elas definem nossas relações, dão significado ao mundo, podem destruir ou edificar, independentemente de qualquer verdade - e isso é pior.
É sobre as palavras este livro de hoje: Os quatro compromissos.
Sobre como as palavras moldam nosso olhar e, por isso, nossa experiência de estarmos vivos. Esta obra é, talvez, uma das que mais mudou quem eu sou. Porque não veio pelo viés da arte, mas da compreensão.
O segundo dos quatro compromissos é o que eu trouxe para cá hoje: não leve nada para o lado pessoal.
Pensei nele pelo que aconteceu esta semana. Uma amiga muito querida fez uma piada. Uma piada que ela considerou de mau gosto. Eu não. Eu não liguei. Era uma brincadeira sobre uma festa à fantasia que haverá na escola. Enquanto olhava as referências e fazia sugestões de fantasias para mim, ela se deparou com uma foto de Oliver Hardy - o gordo de “O Gordo e o Magro” e disse “Olha, Vini!”, como quem me sugeria uma roupa para a festa.
Eu fiz de conta que me senti ultrajado. Porque sou sagitariano e deboche é meu jeito de estar no mundo. Mas fiz isso rindo, me divertindo.
No outro dia, quando nos reencontramos, ela veio se desculpar, disse que quase não dormiu à noite, chegou a escrever um textão no WhatsApp e apagar, pois preferia me pedir desculpas pessoalmente.
Quando ela me disse tudo isso, eu precisei de um tempo para lembrar o porquê. Mesmo. Eu não fiquei preso àquele momento, ao comentário, ao que ela ficou com medo de ter sido uma ofensa.
Não foi.
E não foi a primeira vez que isso me aconteceu. De pessoas virem se desculpar comigo por algum comentário ou ato que eu nem percebi como ofensivo. Todas as vezes, eu fiquei pensando em como as pessoas são. Como levam tudo para o pessoal, como ficam mastigando palavras feito um chiclete rançoso.
Eu não me machuco mais. Minha mãe me tornou imune a isso. Se me disserem que estou gordo e eu estou, isso é uma constatação. Só. Se eu não estiver, é uma mentira. Só. Nenhum dos dois jeitos pode me ferir se eu não deixar.
E aqui é preciso um alerta: não estou dizendo que ofensas não existem, que a vítima é culpada pela dor que sente. Não é isso! Não concordo com ofensas de qualquer forma. Mas quero dizer que em certas amizades, palavras não são tiros à queima-roupa. E não precisam ser tratadas como tal.
Porque quando a gente para de levar tudo para o lado pessoal, é como se finalmente colocasse o mundo em perspectiva.
É como se dissesse a si mesmo: “o que é meu eu reconheço. O que não é, deixo passar.”
Tem dias em que a vida parece um campo minado de interpretações. Um olhar atravessado, uma resposta mais seca, uma ausência de emoji em uma mensagem. Tudo vira flecha. Mas quase nunca é sobre você. Quase sempre é sobre o outro: suas dores, seus medos, seus espelhos.
Levar tudo para o pessoal é como se obrigássemos os outros a seguir um script que só existe na nossa cabeça. É injusto com eles. É cruel com a gente.
Mas olha só que alívio: quando a gente solta isso, sobra leveza.
Não é indiferença. É sabedoria emocional.
Não é frieza. É maturidade.
É a coragem de não se deixar abalar por cada vento.
De não ser uma folha que voa ao sabor do primeiro sopro.
Se isso te toca, se você também quer aprender a viver com mais leveza — não porque o mundo mudou, mas porque você mudou —, talvez esse livro também te atravesse.
E talvez, quem sabe, a próxima piada não te arranque o sono… só o riso.
Mas antes que alguém distorça o que estou dizendo, é preciso deixar uma coisa bem clara: Nem tudo é só interpretação. Nem toda palavra é só uma piada. Nem toda dor é escolha.
Há ofensas que são crimes. Há palavras que carregam séculos de opressão. Há discursos que machucam porque foram pensados para isso — para excluir, desumanizar, ferir.
Não se trata aqui de relativizar o impacto real da violência verbal, muito menos de culpabilizar quem sofre. Racismo, gordofobia, homofobia, misoginia, transfobia — tudo isso se disfarça, muitas vezes, de “brincadeira”, de “liberdade de expressão”, mas o que fazem é reproduzir sistemas de poder que continuam a matar.
E a essas violências, minha resposta não é leveza. É indignação. É denúncia. É não passar pano.
O que compartilho aqui é outro lugar. Um lugar íntimo, de escolha pessoal. É sobre aquilo que só eu posso dizer de mim. É sobre perceber que nem tudo me diz respeito. Que há críticas que não me pertencem, e eu posso deixá-las passar sem absorvê-las como veneno.
Mas quando o que dizem fere coletivamente, humilha, rebaixa ou perpetua dor — aí não é sobre ego, é sobre justiça.
Então, que fique marcado:
Leveza não é silêncio. Maturidade não é conivência. Paz não é passividade.
E saber distinguir isso é, talvez, o maior compromisso que podemos assumir conosco e com o mundo.
📕 Juro que vale a pena ler.
🌌 Um dia você entende a dança de dentro.
🫳🏻 Inclusive.
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