"Mas nunca aconteceu nada assim"
"Tinha tantas coisas a escrever, tantas histórias a contar. Se encontrasse a saída certa, pensamentos e ideias apaixonadas jorrariam como lava, solidificando-se em uma corrente regular de obras inventivas, que o mundo jamais tinha visto. Os olhos das pessoas esbugalhariam diante da estreia súbita dessa Jovem Escritora Promissora de Raro Talento. Uma foto sua, sorrindo indiferente, seria publicada na seção de arte do jornal, e choveriam editores na sua porta. Mas nunca aconteceu nada assim. Sumire escreveu algumas obras que tinham um começo. E algumas que tinham um fim. Mas nunca uma que tivesse começo e fim".
{Haruki Murakami, em 'Minha querida Sputnik'}
Às vezes, eu sou Sumire.
Também tenho histórias para contar, sofrimentos para debulhar, segredos para espargir por aí.
Mas a escrita em mim é mais um “eu deveria estar escrevendo agora” do que uma ação concreta. Ontem ouvi uma frase de Epiteto, aliás: “A verdadeira felicidade é um verbo”.
Falta ação na escrita de Sumire, como falta na minha.
Você se sente assim também?
Não precisa ser com a escrita. Pode ser com um projeto seu que nunca sai do papel. Pode ser com um e-mail que você adia mandar. Pode ser com o currículo que você não atualiza jamais. Não sei.
Queria saber, aliás.
Mas queria ainda mais te dizer que estamos juntos nesse sentimento.
Enquanto o verbo não vem, vamos colecionando adjetivos na nossa imaginação.
🤕 Eu sei, a news de hoje não está tããããão inspiradora assim. Mas é que não precisamos de mais pressão do tipo “Vá, faça isso, seja feliz, ame-se!”. Precisamos?!
😬 Tá, eu não sei quem o Mike é, mas aposto que a solução para Sumire e para mim e para você é essa daqui.
😅 E para terminar, algo que a gente não costuma ver todo dia: uma defesa à procrastinação.