"Ela imaginou como seria aceitar tudo"
"Nora sempre teve dificuldade em se aceitar como era. Desde pequena, tinha a sensação de que não era boa o suficiente. Seus pais, que carregavam ambos as próprias inseguranças, haviam alimentado essa sua percepção.
Ela ficou imaginando agora como seria se aceitar incondicionalmente. Cada erro que já havia cometido na vida. Cada marca em seu corpo. Cada sonho não realizado ou cada dor sentida. Cada desejo ou anseio reprimido.
Ela imaginou como seria aceitar tudo. Da mesma forma como aceitava a natureza. Do mesmo jeito que aceitava uma geleira ou um papagaio-do-mar ou o salto de uma baleia.
Ela imaginou se vendo como apenas mais uma genial aberração da natureza. Como um animal senciente qualquer, dando o melhor de si.
E, ao fazer isso, ela imaginou como era ser livre".
{Matt Haig, em 'Biblioteca da Meia-noite'}
Outro dia, enquanto assistia a uma série que nem vale a pena mencionar, alguém fez uma espécie de “clone-androide” da personagem principal (esse é o nível!). Enquanto o programador fazia os últimos ajustes, a original tentava impedi-lo e avisava: “Não coloque a autoconfiança em 100%! Você faz ideia do que eu poderia conseguir se confiasse em mim mesma? O mundo corre perigo!”
Genial, pensei.
Porque ela sabe que não lhe falta inteligência, talento, proatividade e tudo mais que for preciso para dominar o mundo (mesmo que não de um jeito bom). Só lhe falta mesmo uma coisa: acreditar em si mesma.
Eu estou tão aquém ainda... Porque olho para mim e encontro uma série terrível de faltas, insuficiências, incapacidades, impedimentos. Todas elas, claro, ampliadas como em um microscópio. Escrevo e acho ruim, fotografo e me decepciono, faço post atrás de post e não há elogio que me convença de que eles são bons.
E se eu acreditasse? Se eu acreditasse em mim. Se me aceitasse como sou - não como penso que sou - com defeitos colocados no tamanho certo e as qualidades também. Que diferença isso faria? Em quanto tempo eu mesmo dominaria o mundo?
Não sei. Mas é um exercício mental que vale a pena experimentar.
Me diga aí: se você confiasse em si, do que seria capaz? Se em cada entrevista de emprego, não se preocupasse com a síndrome de impostora, não tentasse impressionar, não tivesse medo de ser preterida. Como você agiria? O quanto você brilharia?
Se em cada encontro sua mente não estivesse corroendo a si mesma, pensando no cabelo que não está no melhor dia, nos dez quilos a mais que você insiste que tem, na pele que não é perfeita como as das pessoas no Instagram… Quão encantadora você se tornaria?
Se pudesse ver seus textos, sua arte, seu trabalho, sua mentoria, o que for enfim, se pudesse ver isso como as outras pessoas veem, sem as lentes da insegurança, até onde sua mensagem chegaria?
Só você pode responder a essas perguntas. Mas, de verdade, eu acho que mudaríamos o mundo. O nosso, pelo menos.
💅 “Confiança é a diferença entre se sentir inspirado e realmente começar a agir. Entre tentar e fazer, até que esteja concluído.” Diz Brittany Packnett, neste TED incrível.
✍️ “A cura para a autossabotagem é ancorar-se na verdade que seu você vale seu próprio esforço”. Foi o que me ensinou este post.
🙏 “You are enough, You are enough, You are enough”. De vez em quando, por favor, ouça esta música acreditando nisso.