É preciso estar disposto a desmoronar um pouco.
"Enquanto eu não perceber que não preciso de muralhas, de metáforas bonitas, de colagens coloridas para ser amado, vou continuar erguendo torres de palavras ruins. É preciso estar disposto a desmoronar um pouco para construir algo novo. Nem que seja com madeira de demolição ou com cacos de louça."
{Vinícius Linné, em ‘Palavras sobre palavras’}
Hey, você percebeu que o nome abaixo da citação de hoje é o meu?! Isso mesmo. Trouxe para a roda um trecho do zine que lancei ontem, no dia do meu aniversário.
Para muitas pessoas escrever um livro, gravar um vídeo ou colocar um novo projeto na rua é só a rotina, outra segunda-feira de manhã. Para quem luta contra a insegurança, a baixa autoestima, a síndrome de impostor, no entanto, qualquer passo desses é descomunal. Exige o que eu descrevi ali: uma desconstrução toda, um desmonte de nossas muralhas para permitir a construção de algo novo, mesmo que de restos.
Eu sempre me contive. Quando criança, o que eu mais ouvia da minha mãe era: “Fiquei quieto. O que os outros vão pensar?! Você não tem vergonha?!”. Por muito tempo, chamei meu modo furtivo de ser de “vida”. Também chamei meu ímpeto de me esconder de “personalidade”.
Agora, conscientemente eu me desafio a fazer o contrário. A quebrar as paredes. A subir no palco, pegar o microfone e falar sobre o que eu tenho por dentro. (Ainda não sei o que estou fazendo. Meu coração parece que vai parar. Eu quase sempre corro na hora dos aplausos. Mas estou lá!).
O que tenho entendido nesse processo é que desconstruções são necessárias. Precisamos desmontar as coisas, conscientemente. Precisamos passar pelas angústias de tudo isso para sermos mais fiéis a quem nascemos para ser. Para descobrirmos como nos reconstruir e termos material para isso.
O lançamento de ontem foi assim. Foi (in)tenso durante cada segundo. Mas me fez crescer um ano em um dia.
Às vezes, só o que queremos é sossego, conforto, um quarto escuro e uma coberta quentinha. E tudo bem. Mas, na maior parte do tempo, o que precisamos de verdade é bem diferente: é desconforto, incômodo, desafio.
Falando assim, a escolha parece ser entre o conforto e o desconforto. Porém, ela é mais intensa do que isso: é entre manter quem somos ou destruir tudo que temos por dentro. E temos pavor da destruição, não?!
Mas deixa eu te dizer: demolir as coisas pode ser lindo também.
🧺 Eu aposto que, se não conhece ainda, você vai achar lindo o conceito de Wabi-Sabi. Há alguns anos estudei-o profundamente e desde então tenho outra percepção da vida, da perfeição e do tempo.
🎴 Depois de descobrir o que é, prepare-se para passar horas navegando por aqui, só salvando referências.
🍂 E por falar em referências, faz parte da arte nos lembrar de que tudo, um dia, se desconstrói.
🪜Se toda essa conversa de construção e demolição fez sentido para você, talvez você queira ir para o próximo nível. Vejo você por lá.