"Mas a infância não é exatamente isso? Uma aventura involuntária? Um sequestro? Antes de nascer, antes do seu aparecimento específico, o que um anjo lhe perguntou, na luz astral do outro mundo: Com licença, pequena presença, você gostaria de nascer agora? Você gostaria de nascer nesta família ou naquela? Para que tipo de vida? Em que circunstâncias?
Diga-me: quando foi que você aceitou a sua própria vida?"
{Amity Gaige, em ‘Shroder’}
Ontem foi Dia dos Pais.
E hoje é dia de alívio para muita gente, eu sei. É assim que eu me sinto depois do Dia das Mães. Sinto alívio quando param aquelas propagandas todas sobre um amor, um cuidado, um carinho, que eu nunca conheci.
Então, não quero ser eu a trazer o tema de volta.
Mas quero fazer pensar, ainda assim: quanto tempo levamos para entender, aceitar e conviver com o que nos aconteceu?
“Diga-me: quando foi que você aceitou a sua própria vida?"
Qualquer pessoa que tenha sobrevivido à infância tem material suficiente para a escrita pelo resto da vida.
Flannery O'Connor está certa. E não é só material para a escrita, é também para a terapia. E para a fogueira de ressentimentos que guardamos e alimentamos ao longo de toda a existência, claro.
Mas se tem uma coisa que eu aprendi foi isso: há um momento em que é preciso aceitar o que nos aconteceu. Há um momento em que é preciso parar de lutar com todos os “Por quê eu?!” e “Mas e se…”.
Há um momento em que é preciso dizer: pois é, então, não deu! Eu quis carinho e ele não veio. Eu quis ser cuidado e não fui. Eu precisei de amor e não me deram. Ok. Há um vazio em mim.
Às vezes, reconhecer esse vazio, dizer a ele: tudo bem, cansei. Eu admito: você existe! é tudo que precisamos para que ele se acalme um pouco.
Eu gosto da Literatura por isso. Porque a leitura me permite encontrar outras vozes que ecoam o meu vazio. E porque a escrita consegue me dar, sem máscaras, a dimensão do buraco que tenho no peito.
E do que pode vir dele. Afinal, como assisti num filme recentemente:
“É pelas frestas que a luz entra.”
🕳 Esse livro é FANTÁSTICO para crianças de todas as idades. Ele me transformou. Veja a história nesse vídeo (está em espanhol, mas é super compreensível, juro).
🪆 E já que estamos falando de infância, segura esse podcast!
🌌 Esse vídeo parece não ter nada a ver com o tema, mas tem. Às vezes, queremos fazer da vida o que querem fazer dessa cidade: uma utopia. Mas nos esquecemos de que a areia, as rachaduras, o sol, tudo isso faz parte também…
🕺 Por fim, eu deveria ter começado por aqui: afinal, é segunda de manhã e alguém pode precisar.
Aiiiii como eu amei essa news!!!!! Obrigada! E bora cantar bem alto e forte!