"Desejo que desejes"
"Eu desejo que desejes ser feliz de um modo possível e rápido, desejo que desejes uma via expressa rumo a realizações não utópicas, mas viáveis, que desejes coisas simples como um suco gelado depois de correr ou um abraço ao chegar em casa, desejo que desejes com discernimento e com alvos bem mirados.
Mas desejo também que desejes com audácia, que desejes uns sonhos descabidos e que ao sabê-los impossíveis não os leve em grande consideração, mas os mantenha acesos, livres de frustração, desejes com fantasia e atrevimento, estando alerta para as casualidades e os milagres, para o imponderável da vida, onde os desejos secretos são atendidos.
[…] desejo que desejes vitórias, romances, diagnósticos favoráveis, aplausos, mais dinheiro e sentimentos vários, mas desejo antes de tudo que desejes, simplesmente".
{Martha Medeiros, em ‘Montanha Russa’}
Sonhos, propósitos, metas, projetos… desejos.
Todo final de ano, a vida exige que eu pense nisso de alguma forma.
Com você também é assim?!
Eu queria entender por que, logo comigo, que não faço listas, que não traço rotas, que não tenho planos, que nem sequer torço para tudo dar certo (por medo de me decepcionar), a vida é assim.
Por que, todo ano, ela vem e me pergunta, na cara dura:
“E agora, o que você quer de mim?”
Desta vez, ela usou para isso um Planner que eu recebi para divulgar por aqui. Entusiasmado com essa primeira publi, impressionado com a qualidade do material, emocionado porque ele é todo pensado para escritores e pensaram em mim para divulgá-lo, caí de cara numa página que perguntava qual o meu propósito.
E estacionei.
Estacionei porque eu não sei desejar. Não aprendi a querer. Tive meus sonhos tolhidos, desde pequeno. Na vida, eu só me acostumei a fazer aquilo que era preciso. E me tornei bom nisso. Aprendi a ignorar toda necessidade que eu mesmo não pudesse satisfazer. Cresci sozinho, tomando conta de mim e, na medida do possível, sendo feliz com o que havia.
Que conceito estranho de felicidade, não!?
Outro dia, por exemplo, minha filha me perguntou qual o meu sabor de sorvete favorito… E eu não soube responder.
É uma pergunta simples, eu sei. Mas eu não consegui dizer.
Só me acostumei a dois sabores: o mais barato e o que tinha.
Agora, desejo, desejo mesmo…
Qual sabor me dá mais vontade de tomar um sorvete?!
Não sei…
E sem saber nem isso, como a vida espera que eu responda o que quero dela, que é tão complexa, e imensa, e intensa?!
E o pior é que eu sei… Sei que tendo um objetivo, um ponto de chegada, um sonho claro, eu poderia traçar rotas, caminhos, estratégias. Eu sou bom nisso. Sou excelente, na verdade, em escrever projetos pedagógicos e cumpri-los. Agora, no campo pessoal… Que caminho eu quero seguir?!
“Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”, repete para mim o Gato de Cheshire no livro da Alice.
Mas eu não queria qualquer caminho, nem qualquer chegada.
Estou cansado de vagar a esmo. De dar passinho pro lado, passinho pra trás, passinho pro outro lado, mas nunca pra frente.
Eu queria ser daqueles que sabem exatamente onde querem estar daqui a cinco anos. Que têm um plano de carreira. Que têm um sonho de vida. Alguém que pudesse se esforçar e realizar os seus desejos, sabe?! Ser feliz assim, no imponderável da vida.
Mas eu sou torto, complexo, gauche mesmo, como disse Drummond.
Metade confusão, metade desastre, sabe?!
Eu sei.
E por isso me lembrei desse texto da Martha Medeiros. Um texto que li em 2003 e que sempre reverbera em mim: desejo que desejes.
Não pode haver plano melhor para meu 2024. Porque antes de saber o que eu quero na minha carreira, antes de entender que caminhos dar ao meu relacionamento, antes de pensar em quem eu quero me tornar daqui a 5 anos, eu preciso aprender o mais básico: saber desejar.
Eu preciso reconhecer, até que enfim, que eu mereço. Eu mereço uma carreira, um relacionamento, ser feliz. Eu mereço um planner, uma publi, algum reconhecimento e até um aplauso ou outro. Eu mereço chegar até você toda segunda e mereço os e-mails carinhosos que recebo em troca, que, às vezes, confesso, nem sei responder.
E eu mereço mais ainda.
Mereço mais do que o sorvete mais barato ou o que tem.
Mereço desejar um sorvete impossível. Mereço querer mais do que posso. Mereço traçar planos até do que eu não mereço ainda, planos que façam eu querer me tornar melhor.
Neste fim de ano, eu te convido a fazer o mesmo: desejar com toda a sua alma, com toda a sua força, com toda a sua coragem. Desejar sem medo, sem culpa, sem limite. Desejar o que te faz feliz, o que te faz crescer, o que te faz viver. Desejar o que te move, o que te inspira, o que te transforma. Desejar o que te completa, o que te surpreende, o que te encanta. Desejar o que te faz sonhar. Porque, como dizem os poetas, sonhar é preciso.
E desejar é o primeiro passo para realizar.
Falando em sonhar e realizar: se o seu sonho for colocar, finalmente, suas ideias no papel, dá só uma olhada nesse planner aqui! Ele é feito para escritores (e por escritoras!), com tudo que você pode imaginar para planejar suas narrativas e inspirar você a escrever muito em 2024.
Além dos espaços para organizar sua vida pessoal e profissional, ele inclui listas, questionários, planejador de narrativas, frases inspiradoras e, minha parte favorita, sugestões mês a mês de conteúdos para as redes sociais. Tudo focado em quem quer se realizar na escrita. Eu amei de verdade e estou empolgado demais para preenchê-lo, para torná-lo um mapa dos meus desejos e realizações. A gente merece.
✅ Taí um podcast que aprofundou a questão em mim.
🧘🏻♂️ Eu passaria horas vendo vídeos como este e este.
📓 Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas. Mas o caderno da minha vida precisava ser assim?!
💭 Lembrar disso: o começo é a vontade!
🔍 Essa pintura fica cada vez mais legal conforme você vai deslizando para o lado.
4. Se você vê valor nas minhas palavras aqui, então fique à vontade para me pagar um cafezinho, meu pix é: vinicius.linne@gmail.com. Sempre fico feliz pelo reconhecimento. 💜
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