⭐ "Até as azeitonas e os palitos"
“Mas na verdade, eles têm medo de morrer. E já que o mundo também morre quando a pessoa morre, pelo menos para a pessoa, ela presume que o mundo vai morrer para todos. É um erro de imaginação, em certo sentido: uma incapacidade de conceber o universo sem que a gente esteja dentro dele. É por isso que os velhos se tornam apocalípticos: são eles que estão diante do apocalipse, e essa parte, o apocalipse privado, é real. Então, quanto mais o desaparecimento pessoal deles se aproxima, mais alguns deles projetam no seu meio a desgraça iminente. Além disso, às vezes, há quase um espírito de vingança. Juro que, para alguns desses bilhões de pessimistas, o Armagedom iminente não é um medo, é uma fantasia. Porque, se eles não puderem mais tomar seus martínis na varanda, ninguém mais deve poder dar um gole em nenhum. Eles querem levar tudo consigo, até as azeitonas e os palitos.”
{Lionel Shriver, em ‘A Família Mandible’}
Quando a Atlântida afundou, lavei o rosto com aquela água.
Quando Sodoma e Gomorra foram destruídas, eu brinquei na chuva de fogo.
A estátua mais famosa de Pompeia, pega no ato, sou eu.
Quando Roma pegou incendiou, acendi meu cigarro nas labaredas.
Quando a peste negra varreu a Europa, eu escrevi sonetos no escuro.
Quando o Titanic afundou, fui eu que dancei no salão até a orquestra se calar.
Quando a bolsa quebrou em 29, comprei poesia a preço de banana.
Quando disseram que Deus tinha morrido, eu mandei flores ao velório.
E para este novo apocalipse, já separei minha melhor roupa e uma garrafa de vinho tinto.
O mundo acaba hoje e eu estarei dançando.
Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias
Subscreva a 👓 Leu? Li, nné! para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.