“Qual não será tua surpresa quando perceberes que aquilo que és de verdade é muito mais lindo do que isso que vens tentando ser".
{Eva Pierrakos, em ‘The Path to the Real Self’}
Hoje, não é só a arte que está diferente.
Vamos começar diferente também.
Primeiro, salve a imagem a seguir, por favor.
Depois, trate de imprimi-la.
Se você não tiver como fazer isso, tudo bem também: você pode baixar a imagem no seu celular e carregá-la como um story, por exemplo. Você nem precisa postá-la, é só conseguir editá-la para fazer a primeira parte da nossa experiência.
Acredite: vai valer a pena.
Depois de ter a imagem impressa (ou carregada no seu story), pinte exatamente 210 quadradinhos, os primeiros, por favor. Use a sua criatividade. Você pode variar as cores, criar padrões, experimentar diferentes técnicas, não sei. O que importa é pintar esse número exato. Só volte para ler o restante depois de ter feito isso.
Ah, e preste atenção ao que você pensar e sentir durante todo o processo, ok?!
Isso vai ser interessante, juro.
Feito?
Feito mesmo?!
Então, podemos seguir…
É provável que você tenha se perguntado por que pintar exatamente 210 quadradinhos. Talvez você não tenha percebido, mas, no total, tínhamos 366 deles. Pois é. Este é um ano bissexto! O que você fez, portanto, foi pintar o número correspondente de dias que já completamos em 2024.
210, exatamente hoje, nesta segunda-feira.
Saber disso dá outra dimensão ao desenho, não?!
Foram 210 oportunidades de viver plenamente a sua vida, de ser 100% você.
Quantas você conseguiu aproveitar!? Olhando para os espaços preenchidos e os espaços em branco, você consegue saber se este ano valeu a pena? E ao olhar para o que falta preencher, você consegue identificar as oportunidades para ainda fazer diferente? Para mudar tudo? Para, finalmente, se encontrar?!
A reflexão de hoje não é (só) sobre esse exercício, mas vamos ir mais fundo nele, combinado?! Lembra que eu pedi para você prestar atenção aos seus sentimentos e pensamentos enquanto fazia a pintura? Eu sou capaz de apostar que eles dizem muito sobre a forma como você viveu este ano até aqui.
Você curtiu cada momento, com calma e dedicação, ou só queria acabar logo, como quem cumpre um dever, uma obrigação?! Você planejou o que fazer antes de começar, passo a passo, ou só seguiu a inspiração? Me conta aqui: você ficou impaciente no caminho? O que você sentiu? Tédio, frustração, raiva? Ou você ficou desejando uma folha nova lá pela metade porque cometeu um erro?! Se você fez isso, aposto que já está à espera de 2025, não é verdade?! Ano novo, vida nova…
Pois é.
Somos assim: revelamos grandes filosofias em pequenos atos.
Na semana que passou, apliquei este mesmo exercício em uma reunião de professores na escola em que sou Coordenador Pedagógico. Estou no cargo há pouco tempo e, confesso, me senti MUITO inseguro de fazer essa atividade. Afinal, pensava eu, nossos professores dos Cursos Técnicos são profissionais de diferentes áreas, experientes, preparados, competentes. Como eu iria colocá-los para pintar quadradinhos?!
O objetivo era um pouco diferente do exercício aqui. Era para refletirmos sobre o conceito de ação-reflexão-ação, do Paulo Freire. A reflexão sobre o exercício trata de enriquecê-lo, não?! Além disso, o objetivo era repensarmos nossa prática pedagógica para o segundo semestre. Ainda assim, começar com canetinhas coloridas parecia muito mais um exercício de Ensino Fundamental do que de reunião de professores.
O que eles iriam pensar da atividade?
E pior: o que iriam pensar de mim?!
Mesmo inseguro, entendi uma coisa no meu quadradinho 206: este é quem eu sou.
A minha prática é assim. E quando fui convidado a assumir este cargo, a Direção sabia disso. Sabia que eu não vou chegar com artigos científicos carregadíssimos, citações em inglês traduzidas em notas de rodapé, termos em latim destilados de dicionários. Nada contra. Mas eu não sou desses.
Eu vou chegar com canetinhas coloridas e quadradinhos.
E eles é que vão nos levar aonde precisamos ir. Porque este é quem eu sou e qualquer coisa diferente disso, qualquer coisa empolada, pedante ou pretensiosa não me pertence. Sou do time que sabe do trabalho que dá para simplificar o complexo.
Aqui, pode parecer que resolvi isso muito de boa, rapidamente. Na prática, foram alguns dias de terror, de insegurança, de insônia até. Porque estou chegando agora, estou marcando minha prática, meu jeito e minha intencionalidade toda. E eu não queria começar com algo que não valesse a pena. Nem com algo que não fosse 100% meu.
O exercício acabou valendo a pena.
Gerou uma discussão e um engajamento maior do que eu mesmo esperava.
E mais do que isso, me fez compreender algo profundo: nos quadradinhos da tabela da vida, cada um de nós é chamado a deixar uma marca que é inconfundivelmente nossa.
Não uma marca feita por mãos trêmulas que buscam aprovação, ou por olhos que se desviam para o caminho mais fácil. Mas uma marca feita com a convicção de quem sabe que a autenticidade é o único caminho verdadeiro.
A autenticidade é o desafio supremo, a busca incessante pelo núcleo de nossa identidade, aquele que resiste às tempestades da conformidade e permanece firme contra as marés das expectativas - nossas e alheias.
Cada quadrado que pintamos em nossa existência é uma afirmação de nossa individualidade, uma declaração de que não somos meros espectadores na peça da vida, mas sim protagonistas ativos, capazes de escolher cores e padrões.
E enquanto o mundo pode nos pressionar a preencher esses quadrados de jeitos que não são nossos, cabe a nós pegarmos a canetinha certa e escolher a paleta que reflete nossa verdadeira essência.
Pois quando o último quadradinho for preenchido e nos afastarmos para contemplar a obra completa, não será a perfeição que importará, mas sim a autenticidade de cada pincelada, a história única que cada uma conta – a história que só nós poderíamos contar.
E espero, sinceramente, que no final seja a sua imagem refletida na tela.
Não o que o mundo espera de você, mas aquilo que fará você sorrir ao ver.
☀️ Uma lição sobre ser você.
🦜 Cada um é único como uma galáxia.
🌿 E por falar em um estilo único (de fazer e de falar sobre sua arte)…
😲 Aos gatos e gatas daqui.
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Bombou no Insta esta semana:
como o ano passa voando, né? outro dia mesmo era janeiro…
Minha nossa, Vinícius! Eu fui marcando aleatoriamente o mais rápido possível pra continuar a leitura do texto por que sou curioso, planejei nadinha. No meio fui tentando ver se tinha algum padrão, se eu ia conseguir fazer algum desenho, mas segui em frente mesmo sem achar muito sentido. Essa é minha vida? Socorro! Hahahaha
Boa semana por aí