"A verdade é que estou inventando o talvez"
"A verdade é que passei a vida inteira olhando com binóculos as Ilhas do Talvez, um lugar imaculado de fantasia, que de fato não é melhor do que os pedregulhos pontudos do sofrimento. Talvez, se eu tivesse ficado na fazenda... Talvez pudesse ter vivido em paz... Talvez se tivesse encontrado a pessoa certa há alguns anos, talvez se não tivesse feito isso, ou aquilo, ou algo parecido, ou outra coisa. Talvez, querida, aquela terra prometida existisse ali mesmo e eu não a vi. Olhe, ali está, brilhando ao sol. Mas a verdade é que estou inventando o talvez. Somente posso fazer as escolhas que faço, e então para que me torturar com o que poderia ter feito, quando somente posso tratar do que já fiz? As Ilhas do Talvez são hostis à vida humana".
{Jeanette Winterson, em 'Deuses de pedra'}
Desde pequeno, sou um náufrago das Ilhas do Talvez.
Desde pequeno, minha imaginação é mais forte do que eu.
E ela me deixa à deriva num mar de outras, sempre outras, possibilidades.
“E se” é meu mantra favorito, e ele irradia em ondas.
Dessas fontes, quase sempre salgadas, é que bebe a minha criatividade. Delas vêm histórias, poemas, inspirações para uma vida que eu levo toda por dentro de mim.
Mas há veneno nessas águas também.
Um veneno grosso que me intoxica de ansiedade e depressão.
Ansiedade porque parece que estou sempre perdendo o melhor. Há sempre uma versão melhor do texto que eu não consegui alcançar. Há sempre uma oportunidade única, uma carreira incrível, um projeto espetacular que eu quase, quase atingi.
Depressão porque eu me arrependo de cada escolha assim que a faço. E não me é raro remoer passados e suas versões possíveis enquanto o sono não vem.
“Onde está você agora além daqui?” era a frase pichada em um muro perto da minha casa quando eu era criança. E essa frase sempre me jogava de cara na realidade. Sempre me tirava das Ilhas do Talvez e me colocava em terra firme.
Hoje, é a ela que recorro de novo.
Porque percebo o canto de sereia que vem das nossas possibilidades não vividas.
E percebo, ainda mais, o poder que ele tem de nos afundar.
Não quero isso para mim.
Hoje, reescrevo a frase do muro por baixo da pele: “Por que você ainda está aqui?”.
Com essa pergunta, rejeito as fantasias e exijo, de mim para mim, a confirmação de cada escolha.
Por que ainda estou aqui, por exemplo, escrevendo essa newsletter?
Escrevo porque tenho muito a dizer e tenho você para me ouvir. Escrevo porque preciso estender minha mão e tocar a sua. Para saber que não estou tão só.
Para garantir que você tampouco está.
Estamos juntos nessa.
E você?!
Por que você ainda está aqui?
E aqui pode ser a minha lista de e-mails, claro. Mas também pode ser a sua relação de 22 anos. O seu emprego atual. Aquela amizade que uma vez te fortalecia, mas que hoje só te causa azia. Ou, então, essa casa alugada, cercada pelas sete pragas do Egito. Ninguém merece, acredite, eu sei.
Então, por que você ainda está nessa?!
Perguntar vale a pena. Porque às vezes você precisa relembrar as razões que te fizeram chegar aí. Às vezes você precisa reforçar e reiterar escolhas, plantar certezas, reencontrar âncoras. Mas, às vezes também, você precisa perceber que passa mais tempo sonhando com outras possibilidades do que vivendo de fato. E ninguém deveria ficar em uma ilha hostil por tanto tempo.
De uma forma ou de outra, essa pergunta faz você lidar com a realidade, não com as possibilidades. Assim, você vive o que é possível viver. Afinal, como já cantou Elis: Viver é melhor que sonhar!
💛 Eu AMO sites com inspiração de designs. Se tiver busca por cores, então, estou em casa!
☢️ Vale a pena ler essa news sobre o uso de WhatsApp para grupos de trabalho. Precisamos do fim disso urgentemente!
😳 Estou viciado em “O Ateliê”, podcast em que Chico Felitti acompanha a denúncia da pintora Mirela Cabral de uma seita disfarçada em escola de arte.
🫠 E falando em vício, essa música está tocando em repeat aqui. Que onda!
✍️ Gostei da ideia! Toda família desenha um coração e o resultado acaba virando um quadro. O amor está no ar. Feliz Dia dos Namorados, a propósito.
4. Mandar um pix de qualquer valor (qualquer mesmo!) para: vinicius.linne@gmail.com. Assim, você me ajuda a sair das Ilhas do Talvez e me mudar para as Ilhas Cayman, que é onde eu mereço estar. 😎 (Tá bom, essa parte é mentira. Na verdade, você me ajuda a adquirir novos livros e equipamentos para produzir ainda mais conteúdo! Então, obrigado demais por isso! 💛)